29 novembro 2022

28 de agosto - Hermes Fontes

 


1. Soneto: Perfeição;
2. Biografia; 
3. Soneto do último livro publicado.


1. Soneto

Perfeição

Tanto esforço perdido em ser perfeito!
Em ser superno, tanto esforço vão!
Sonho efêmero; acordo e, junto ao leito,
a mesma inércia, a mesma escuridão.

Vejo, através das sombras, um defeito
em cada cousa, e as cousas todas são,
para os meus olhos rútilos de eleito,
prodígios de impureza e imperfeição!

Fico-me, noite a dentro, insone e mudo,
pensando em ti, que dormes, esquecida
do teu amargurado sonhador...

Ali, Mas, se ao menos, imperfeito é tudo  
salve-se, as mil imperfeições da vida,
a humilde perfeição do meu amor!

Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes (Boquim, 28 de agosto de 1888 – Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 1930) foi um compositor e poeta brasileiro.


2. Biografia:
De 1903 ao final da década de 1930 trabalhou com os jornais Rua do Ouvidor, Correio Paulistano, Fluminense, Imparcial, Diário de Notícias e as revistas Fon-Fon!, Careta, Tribuna, Tagarela, entre outras. Atuou também como caricaturista do jornal O Bibliógrafo.

Em 1904 funda o jornal Estréia, com Júlio Surkhow e Armando Mota, na cidade do Rio de Janeiro. Embora tenha se graduado, foi apenas bacharel em Direito após sua formatura em 1911.

Em 1913 publicou seu primeiro livro de poesias, Gênese. No ano de 1914 publicou Ciclo da Perfeição. 

Em 1916 publicou o livro Juízos Efêmeros (Ed. F. Alves, Rio de Janeiro RJ), seguido por Miragem do Deserto (1917), Microcosmo (1919) e A Lâmpada Velada (1922).

Seu último livro foi A Fonte da Mata... (1930).

Sua poesia era de estética simbolista.

Embora tenha trabalhado nos Correios e como oficial de gabinete do ministro da Viação, jamais abandonou o jornalismo ou a poesia.

Suicidou-se com um tiro na cabeça em sua casa, em Ipanema, dias depois de confessar aos amigos que estava amargurado com as situações em que se envolvera por apoiar a Revolução de 1930.


3. Soneto do último livro publicado:

Todos têm sua glória...

Ó glória, glória triste, excelsa glória,
irmã do amor e da felicidade!
Visão miraginal da trajectória
curta de nossa curta Mocidade!

Só se logra alcançar-te, à merencória
luz, quando a alma de ti se dissuade
e não és mais o que és, pois a memória
do que foste, é que é gloria, de verdade.

O glória que eu julgava inatingível,
se és apenas a fama, e o amor é apenas
a posse corporal de urna mulher...

Que vos valeu penar as grandes penas
de sonhar que eras quase um impossível,
se és um sonho ao alcance de qualquer?!

                  (de A Fonte da Mata...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Estrutura de um poema - Mini aula

Estrutura de um poema - Mini aula A estrutura de um poema pode ser dividida em dois aspectos fundamentais: a estrutura interna e a estrutura...