29 novembro 2022

12 de setembro - Álvares de Azevedo

Manoel Antônio Álvares de Azevedo, conhecido também como "Maneco" pelos amigos mais próximos, familiares e admiradores de sua obra, foi um escritor da segunda geração romântica, contista, dramaturgo, poeta, ensaísta e e expoente da literatura gótica brasileira, autor de Noite na Taverna. 

O poeta nasceu em 12 de setembro de 1831 em São Paulo, na biblioteca de seu avô, em uma família ilustre da província, e passou a vida entre Rio de Janeiro e São Paulo. Falava inglês, francês e latim, tendo traduzido poemas de Shakespeare e Lord Byron. Era um  aluno notável. A melancolia e a presença constante da morte eram temas perenes em suas obras. Ele se tornou o principal representante do ultrarromantismo, ou Mal-do-Século, caracterizado pelo pessimismo, sentimento de inadequação à realidade, ócio, tédio e desgosto de viver. 

Os temas que abordava, eram melancólicos e quase funestos, ideias de autodestruição, dor e uma idealização do feminino que fazia com que as mulheres retratadas por ele fossem sempre inacessíveis, ora sendo anjos, ora sendo seres fatais, e essa conjunção de opostos (que ele denominou “binomia”), acompanhou boa parte de sua produção, principalmente em “Lira dos Vinte Anos”. Sua obra foi publicada postumamente, devido ao seu falecimento precoce.

Em 1848 iniciou os estudos na Faculdade de Direito de São Paulo (cunhada por Drummond como Escola de Morrer Cedo), onde conheceu outros escritores como José de Alencar, Bernardo Guimarães e Aureliano Lessa. Nesse período também iniciou sua produção artística, sendo influenciado por Lord Byron e Musset.

Duas mortes, de colegas acadêmicos, o  marcaram profundamente nos seus últimos anos de vida. Em setembro de 1850, o aluno do quinto ano Feliciano Coelho comete suicídio, por conta de um amor desventurado. Em setembro de 1851, morre seu amigo João Batista da Silva Pereira Junior, outro estudante do quinto ano. O poeta apreciava enterros e velórios, compondo vários discursos elegíacos para essas ocasiões. Por conta da morte dos amigos, um por ano, Álvares de Azevedo estava certo de que seria o próximo a morrer. Em seu quarto na pensão onde morava, escreve na parede:

"1850 — Feliciano Coelho Duarte

1851 — João Batista da Silva Pereira

1852 — …"

O poeta repentinamente adoeceu de tuberculose durante as férias do quarto para o quinto ano do curso de Direito. Por orientação médica a fim de diminuir os seus sintomas, andava à cavalo, quando caiu. A queda deu origem a desenvolvimento de um tumor na fossa ilíaca, e a ferida infeccionou. Após uma cirurgia presumidamente sem anestesia, seguida por 40 dias de febre alta, ele terminou por falecer em sua casa, às 17 horas de 25 de abril de 1852, pedindo para a adorada mãe se retirar do quarto em seus momentos finais, e proferindo como últimas palavras, “Que fatalidade, meu pai!”. A causa mortis do autor é um tema historicamente controverso, com diferentes hipóteses.

Foi enterrado no dia seguinte à sua morte, no cemitério da Praia da Saudade na zona sul do Rio de Janeiro, local que mais tarde viria a ser destruído pelo mar em ressaca. Segundo biógrafos, seu cachorro Fiel teria encontrado seus restos mortais. 

Um curioso detalhe, é que seu falecimento ocorreu num período de transição das práticas funerárias no Rio de Janeiro: até meados de 1850 os mortos eram sepultados dentro das igrejas, em covas internas consideradas sagradas. Porém, uma epidemia de febre amarela, nesse período, provocou um alto índice de mortalidade, dando início a um processo higienista que determinava a necessidade de transferir as sepulturas para longe dos limites da cidade, pois difundia-se a ideia de que os cadáveres eram foco de contaminação. Assim, diversos túmulos provenientes de igrejas e outros pequenos cemitérios foram transferidos para o recém-inaugurado Cemitério de São João Batista, em Botafogo, por conta das ressacas que constantemente atingiam as tumbas e desenterravam os mortos, entre eles os restos mortais do poeta que desde então, encontram-se no mausoléu da família, próximo dos túmulos de Floriano Peixoto e outros grandes nomes do final do séc. XIX. O poeta foi o décimo segundo cadáver a ser sepultado neste local e seu túmulo está localizado na Quadra 26, Nº 12-A.


A poesia de Álvares de Azevedo


 

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