02 novembro 2023

Poeta do dia 02 de novembro: Lindolf Bell (SC-BR)


Poeta do dia: Lindolf Bell (SC-BR)


Nascido em Timbó, aos 2 de novembro de 1938 – Falecido na cidade de Blumenau, aos 10 de dezembro de 1998. 


Lindolf Bell - a vanguarda da palavra dita:


"A poesia é o instrumento mais generoso para eliminar a solidão, a indiferença, o desencanto, o cinismo e a discriminação. 

A solidão vale como espaço para refletir em profundidade sobre nosso destino comum e a ausência de solidariedade que deseqüilibra o sistema social, acentua privilégios e exclusões. Se o poema, muitas vezes, amadurece sem terras, em solidão, sua existência (resistência) se justifica para lembrar que o ser humano mais uma vez não é ilha, mas partilha." 


*Fonte: Templo Cultural Delfos. 


Os Ciclos

I

Existe em nós

não o novo

mas o renascido.

Pesamos por isto as verdades

sobre a balança sem pêndulo.

E contra os que nos britam

com seu peso de ave

lançamos roucas interrogações

sobre a morte,

sim, sobre a morte,

Com anzóis a dragar-nos da memória.


Existe em nós

não o novo

mas o renascido.

Comportamos por isto o lastro,

o lastro de termos sido

e virmos a ser.

Sentimos os pequenos gritos

como ficam imensos

quando a noite junca as fibras

e quando no silêncio brotam devagar

os pais de outras nações.


Existe em nós

não o novo

mas o renascido.

E apesar da haste gritar

contra o caule

e ferir o grito

com tempos sem fim,

a essência persiste como essência.


Então, o amor nos justifica,

e, carga imersa, revela-se concepção.

Mas de um plano qualquer retornamos

com a solidão de todas as solidões.


Poema integrante da série Incorporação.

In: BELL, Lindolf. Incorporação: doze anos de poesia, 1962/1973. São Paulo: Quíron, 1974. (Sélesis, 3)


*Fonte: Revista Gulliver - cultura, histórias & questões contemporâneas (mar, 27 - 2020).


Minibiografia:

Publica seu primeiro livro de poesia, Os Póstumos e as Profecias, em 1962. Na época, cursa Dramaturgia na Escola de Arte Dramática, em São Paulo SP. Em 1963 participa na Expressão de Novos Poetas, com poemas-murais, na biblioteca paulistana Mário de Andrade, e publicou Os ciclos. É integrante do Movimento da Catequese Poética, em 1964, e autor do roteiro cinematográfico A Deriva para o filme experimental de Juan Seringo, em 1965. Em 1968 declama poemas no Show Contra, no Teatro Ruth Escobar, São Paulo SP. No mesmo ano viaja para os Estados Unidos, onde integra o grupo brasileiro no International Writing Program, na Universidade de Iowa. Lá cria, com Elke Hering Bell, uma série de poemas-objetos e objetos poéticos. De volta ao Brasil, passa a viver em Blumenau SC, onde leciona História da Arte na Fundação Universidade Regional. Participa na I Pré-Bienal de São Paulo, em 1970, com poemas-objetos. Em 1984 recebe o Prêmio de Poesia, pelo livro Código das Águas, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Sua obra poética inclui, entre outros, os livros As Annamárias (1971), As Vivências Elementares (1984) e Iconographia (1993). A poesia de Lindolf Bell, de tendência contemporânea, é vinculada, nos anos 60, ao engajamento social e literário do autor. A partir de 1968, no entanto, seu conteúdo poético se volta para a interiorização pessoal e passa a tematizar a memória, as origens e a terra natal.


* Fonte: Enciclopédia de Literatura Brasileira/Itaú Cultural


O poeta em 1965


O poeta nos anos 90


* Fonte das fotos: 
https://www.elfikurten.com.br/2013/09/lindolf-bell.html?m=1


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